O que é sororidade e por que precisamos falar sobre isso?

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Hoje o Cliquefarma traz um assunto bem importante em pauta no blog. A sororidade, já ouviu falar sobre ela? Sabe por que é um termo bastante em pauta atualmente? Então fique ligado no nosso artigo completo até o final para não perder nada! 

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O que é sororidade?

Falemos primeiro sobre a definição simples e clara da palavra. 

 

“A origem da palavra sororidade está no latim sóror, que significa “irmãs”. Esse termo pode ser considerado a versão feminina de fraternidade, que se originou a partir do prefixo frater, que quer dizer “irmão” – Significados

 

“Relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs” – Dicionário Online de Português

 

“Sororidade é a ideia de solidariedade entre mulheres, que se apoiam para conquistar a liberdade e a igualdade que desejam. É respeitar, ouvir e dar voz umas às outras sem julgamentos” – Escola Educação

 

Segundo Letícia Gomes Gonçalves, psicóloga, a sororidade é um dos pilares do feminismo, especialmente nos dias atuais. Significa irmandade e cumplicidade entre mulheres – em que uma mulher ajuda a outra, livre de julgamentos. “Só uma mulher é capaz de compreender as dificuldades e dores que ser mulher implica em nossa sociedade”, acrescenta.

 

O propósito da sororidade é gerar empatia por outras mulheres e buscar a união entre si, a fim de alcançar objetivos em comum, como direitos e igualdade em diversas esferas sociais. A psicóloga ainda complementa que essa relação ajuda as mulheres a “terem mais força para mudar toda uma sociedade machista e patriarcal”.

 

“Aprendi com a minha mãe, quando eu era adolescente, que se eu me sentisse a ameaçada por um homem na rua, correndo risco de abuso sexual, deveria buscar uma mulher adulta e caminhar ao lado dela, para pedir ajuda. Essa foi minha primeira lição de sororidade: busque sempre uma mulher para te proteger.

 

A cena acima descreve a primeira vez que ela entrou em contato com a noção de sororidade, através de uma orientação dada por sua mãe. E este é um dos princípios da sororidade: criar uma relação de união, afeto e cuidado entre as mulheres.

 

Por outro lado, o que a sororidade NÃO é?

 

Muitas vezes, o termo sororidade é erroneamente interpretado como se, por obrigação, as mulheres devessem gostar de todas as outras mulheres. Mas essa não é a questão, o termo refere-se sobretudo a ter empatia e sobre o exercício de cada mulher se colocar no lugar umas das outras, respeitando seus respectivos contextos. Portanto, a sororidade é um movimento importante pois é preciso desconstruir a rivalidade que foi colocada para as mulheres e, no lugar de tal rivalidade, pautar um sentimento de união.

Essência

Segundo a referência mencionada anteriormente, essa linha acredita que é natural que a mulher apresente esse sentimento de irmandade diante de outras mulheres. Esse pensamento, às vezes relacionado com questões de religião e psicologia, defende que a mulher possui em si a capacidade de expressar sensibilidade e empatia.

Moral

Nesse caso, acredita-se que a sororidade é uma resposta moral diante da sociedade patriarcal, tornando possível a tomada de consciência sobre as tentativas do patriarcado de estabelecer desunião entre as mulheres

 

O sentimento de sororidade, portanto, impulsionaria as mulheres para conduzirem, juntas, um movimento político de transformação das estruturas sociais.

Como praticar sororidade?

Ao adotar a sororidade no dia a dia, você e outras mulheres se beneficiam. Letícia Gonçalves ressalta que há diversas vantagens nessa relação, como diminuição da solidão, da carga mental e proteção da saúde mental uma das outras. “Em situações de risco, podemos até salvar a vida de outra mulher“, lembra.

 

Para isso, a psicóloga dá algumas dicas simples de como praticar a sororidade no cotidiano. Confira:

 

  • Não julgue outras mulheres
  • Ajude, acolha e proteja mulheres
  • Não incentive a rivalidade entre as mulheres
  • Compre e ofereça serviços para mulheres
  • Elogie, valorize e empodere outras mulheres.
  • Compartilhe informações e ensinamentos umas com as outras, contribuindo para um crescimento mútuo;
  • Respeite e trate outras mulheres como gostaria de ser tratada, independente do contexto;
  • Crie um ambiente seguro para trocas de experiências e desabafos;
  • Encoraje e indique oportunidades para outras mulheres;
  • Ofereça ajuda para mulheres que encontram-se sobrecarregadas;

 

Empoderamento feminino e sororidade

Pode não ser muito claro para muita gente, mas os conceitos de sororidade e empoderamento feminino andam juntos. Enquanto a sororidade parte da empatia entre as mulheres, o empoderamento está relacionado à tomada de poder.

 

Segundo Letícia, o empoderamento feminino implica em “reconhecer que se é capaz e que pode tomar as rédeas da própria vida”. “É uma consciência coletiva que mulheres têm poder e merecem ser tratadas com equidade em relação aos homens”, diz.

 

Na prática, uma mulher empoderada vira exemplo para outra mulher que ainda é insegura em relação aos seus direitos e capacidades. “Uma mulher que apoia outra mulher a ajuda a sair da condição de passividade para agente da própria vida” complementa a psicóloga.

 

Em 2010, a ONU Mulheres estabeleceu os “Princípios do Empoderamento Feminino” para serem aplicados no setor privado e causar maior paridade entre mulheres e homens no local de trabalho, mercado e carreira. Entre os termos, estão:

 

  • Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
  • Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.
  • Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
  • Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
  • Apoiar o empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento feminino através das cadeias de suprimentos e marketing.
  • Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
  • Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

Por que o empoderamento feminino TAMBÉM é importante?

Apesar dos avanços sociais e da independência financeira que as mulheres conquistaram ao longo das últimas décadas, ainda há muitas questões a melhorar quando falamos de paridade de gêneros. A Organização Mundial da Saúde (OMS) elencou alguns motivos para ilustrar por que o empoderamento feminino é necessário:

 

  • 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza no mundo são mulheres.
  • Pelo menos 10 mulheres são assassinadas diariamente no Brasil.
  • Uma em cada três mulheres sofre algum tipo de violência ao longo de sua vida.
  • Calcula-se que 100 milhões de meninas se casarão antes dos 18 anos e 14 milhões de adolescentes serão mães.
  • No mundo, morrem mais mulheres entre 15 e 44 anos vítimas de violência machista do que de câncer ou acidente de tráfico.
  • Somente em países como Noruega, Suécia e Finlândia as mulheres alcançam taxas de participação superiores a 40% nos ministérios.
  • 49% dos infectados no mundo por HIV são mulheres.
  • 80% do trabalho não remunerado (cuidados do lar, voluntariado, etc) são as mulheres que realizam.
  • 93% das vítimas de violência doméstica são as mulheres.
  • Meio milhão de mulheres morrem a cada ano por causa de gravidez no mundo.

 

Os dados evidenciam como ainda há muita desigualdade entre os gêneros no mundo e por que é importante que organizações internacionais, governos e iniciativas privadas intervenham. Entretanto, não são apenas as instituições que podem agir para mudar esta situação de disparidade. Todos podemos praticar pequenos atos no dia a dia para promover respeito, empatia e empoderamento.

 

Muitas pessoas já ouviram frases como “Não dá para confiar em mulheres” ou “Mulher se arruma para outra mulher”. Frases como essas produziram nas mulheres uma “auto sabotagem”, fazendo com que elas não se reconheçam umas nas outras e mantenham essa competição constante.

 

Dessa forma, a sororidade é importante para perceber esse comportamento e, coletivamente, eliminar esse padrão que foi desenvolvido.

 

Além disso, a mulher, quando sozinha, ainda encontra-se em uma posição na sociedade em que possui grande dificuldade de ser ouvida, fazendo com que suas reivindicações e denúncias nem sempre sejam validadas. O ato de união e solidariedade umas com as outras trará mais força para o movimento, possibilitando uma transformação das estruturas sociais.

Lugar de mulher é onde ela quiser!

Mesmo hoje, com a mulher inserida no mercado de trabalho, política e em tantos outros ambientes que até pouco tempo eram vistos como ambientes masculinos, elas ainda sofrem com preconceitos e desigualdades. Para você ter uma ideia, mulheres estudam em média 07 anos a mais do que os homens, ainda assim mais de 40% das mulheres com ensino superior estão desempregadas ou fora da sua área de atuação, contra apenas 17% de homens na mesma situação.

 

Por isso, olhe para sua colega de trabalho e a incentive, apoie o trabalho da sua amiga empreendedora e valorize as mulheres que estão em posição de liderança. Pode ter certeza que elas ralaram muito para estar nessa posição, muitas vezes encarando uma dupla jornada de trabalho.

Pequenas princesas, grandes guerreiras

Mudar comportamentos depois de adultos nem sempre é fácil, né?! Por isso, a melhor forma de mudar um padrão é ensinando as novas gerações de meninos e meninas. Sim, meninos e meninas! Afinal, o feminismo e o empoderamento também são questões que envolvem homens.

 

Precisamos ensinar aos meninos a respeitarem suas colegas meninas, a mostrar que tarefas de casa e cuidados com a família são tarefas também de homens, e que ao fazê-las não estão ajudando uma mulher, afinal homens também sujam louça, também usam roupas, não é mesmo?!

10 mandamentos da sororidade – Seja uma mulher que levanta outras mulheres!

Na prática, como ser mais sororária? Preciso apoiar tudo que outras mulheres fazem, mesmo que eu não concorde? Tenho que gostar de todas as mulheres apenas por serem mulheres? Confira agora mesmo os 10 mandamentos da sororidade e sua importância no meio em que vivemos! 

1) Não é concordar com tudo

Não, você não precisa concordar com tudo o que outras mulheres pensam ou fazem, e muito menos forçar amizade com pessoas com quem você não tem afinidade. A questão é não detestá-la apenas pelo fato de ser mulher, ou por fazer coisas que você acredita que uma mulher não deva fazer.

É não ser cruel, nem tentar sabotar ou “destruir” outras mulheres, nem achar aceitável que outra mulher sofra algum tipo de violência apenas por ter divergências pessoais ou de opinião/crenças diferentes dela. Simples assim.

2) Esqueça a “competição”: evite comparar a aparência de mulheres

Um dos pilares do machismo é a venda da ideia de que nós somos “rivais”. E rivais para conseguir a atenção masculina a todo custo. SÓ QUE NÃO, NÉ? Convenhamos, somos mais do que isso. Bem mais!

 

Quando comparamos a aparência física de duas ou mais mulheres, além de estarmos sustentando essa ideia de que somos rivais, estamos indiretamente colocando a beleza como a maior e melhor qualidade que uma mulher pode ter, como se esse fosse o grande objetivo feminino e o que devemos buscar a todo custo.

 

Isso é diminuir nossas potencialidades e anular nossas particularidades – inclusive na própria aparência, já que não existe um só tipo de beleza.

3) Revise as picuinhas e evite as alfinetadas

É muito importante começar a rever quais brigas valem a pena “se comprar” e quais são baseadas em picuinhas ou rivalidades pessoais, baseadas unicamente na emoção.

 

Quais discussões são baseadas na racionalidade? Elas podem resultar em aspectos positivos e construtivos para as envolvidas? Ou são “ranço gratuito”?

Inclusive, dica master: não faça ou sustente fofocas, especialmente entre mulheres.

 

Sempre faça o exercício de tentar se colocar no lugar da outra pessoa. Às vezes estamos passando por várias situações difíceis e as pessoas nem imaginam na hora de “apontar o dedo”, certo?

 

Ao evitar fofocas, você evita a possibilidade de espalhar, sem querer, inverdades sobre outra pessoa – aquela coisa de telefone sem fio, sabe? Dessa forma, você reduz, indiretamente, a chance de acabar sendo vítima de fofocas também. Pode acreditar, por experiência própria: sua vida vai melhorar muito!

4) Procure tirar alguns termos do vocabulário

Já reparou como a maioria dos xingamentos destinados a outras mulheres se referem ao seu comportamento sexual? A forma de se expressar, se vestir e até se maquiar é constantemente relacionada a um suposto comportamento sexual, que por sua vez é utilizado para constranger essas mulheres.

 

Quando chamamos uma outra mulher de “vagabunda”, “vadia”, “oferecida” ou mesmo “santinha”, “moralista” ou “mal comida”, estamos especulando sobre seu comportamento sexual e tentando utilizar o sexo contra ela. E, veja bem: muitas vezes se baseando em fofocas! Sim, porque dificilmente estamos o tempo todo com essa pessoa e sabemos exatamente o que ela faz na sua intimidade.

 

E mesmo que estivéssemos, vale se perguntar: como o comportamento sexual de outra pessoa me incomoda? Deveria me incomodar? Por que usar o sexo, algo natural do comportamento humano, para constranger alguém que não gosto? Seja por achar que ele é feito em “excesso” ou “pouco”? 

 

Por que a forma de outra mulher se vestir, falar e se expressar me incomoda – considerando que não sou obrigada a ser amiga dela caso não tenhamos afinidade? Todas essas coisas não definem o caráter de alguém. Portanto, busque evitar usar esses termos como “xingamentos”

 

Lembre-se que infelizmente nenhuma de nós é imune de ser vítima desse tipo de ofensa, independente da nossa conduta. Fora que é super desrespeitoso com as decisões individuais de cada uma, né?!

5) Talvez a ex dele(a) não seja louca

“Louca” é outro termo que devemos evitar por vários motivos. Um deles é que, além do estigma relacionado ao campo da saúde mental, mulheres são constantemente chamadas de loucas por simplesmente exporem sua opinião. Ou ficarem irritadas com alguma situação (quase sempre com bons motivos).

 

Em outras épocas, éramos chamadas de loucas por falarmos, por usarmos argumentos racionais, por escrevermos, por praticarmos esportes. Na verdade, em vários lugares e em vários momentos isso ainda acontece.

Muitas de nós, em algum momento, nos envolvemos com alguém que diz que o relacionamento anterior terminou pois “a ex era louca”. Nenhuma autocrítica ou explicação, apenas porque ela “era louca”.

 

Sei que pode parecer forte o que vou dizer, mas se alguém falar isso pra você, ligue o alerta. É possível que a próxima a ser taxada de “louca” venha a ser você. 

6) Cuide de uma mulher que não esteja bem

Tá no rolê e uma mulher desconhecida parece estar muito bêbada? Mal, vulnerável? Se ela estiver sozinha, tente se manter por perto e mantê-la segura até ela estar melhor ou conseguir ir para um lugar seguro. Infelizmente, existe muita gente mal intencionada por aí, e você pode ser o “anjo da guarda” de alguém.

 

A mesma coisa vale para casos em que uma mulher seja vítima de violência. Denuncie sempre para as autoridades. Não se omita. Se for seguro para você – ter segurança para poder ajudar é fundamental, não se arrisque e não se exponha ao risco de sofrer violência também -, ofereça companhia para ir à delegacia e incentive a denúncia e o pedido de medida protetiva, se necessário.

7) Elogie e incentive outras mulheres

Não precisa ser forçado ou inventado: o processo de aprender a admirar mulheres e enxergar qualidades além da aparência, por exemplo, é bastante individual. Mas siga por ele! 

 

Elogie a capacidade da sua amiga de analisar objetivamente situações. Elogie seus dotes artísticos. Elogie sua sensibilidade. Sua coragem. Sua energia fantástica e contagiante. Seu humor. Seu gosto literário. Sua organização. Suas habilidades no futebol. Enfim, tanta coisa possível!

 

Incentive outras mulheres a realizarem seus projetos. Mostre que acredita no potencial delas. Quando entendemos e vivemos a sororidade, vemos na prática como estimular outras mulheres se converte em benefícios a nós mesmas. Quando você fortalece outra mulher, está se fortalecendo também, é fato.

 

Somos incentivadas a competir, sendo que quando cooperamos umas com as outras, criamos coisas incríveis juntas! Esqueça a lógica da escassez: nós somos abundância. Somos potencialidade, quando juntas multiplicamos a nossa força e tudo que podemos criar e usufruir!

8) Consuma o feminino

Valorize as histórias e as narrativas femininas. Leia o ponto de vista de mulheres. Leia autoras, veja filmes dirigidos por mulheres e/ou protagonizados por mulheres.

 

Seja audiência para o esporte feminino (atletismo, futebol, etc). Leia a ciência produzida por mulheres. A arte produzida por mulheres. Apoie negócios locais de mulheres – compre o cachorro quente da mulher que faz no carrinho da esquina! Dê preferência!

9) Indique uma mulher

Afinal, não basta só consumir, né? Tem que divulgar as coisas boas!

Conhece uma mulher super competente no que faz? Indique seu trabalho para outras pessoas quando tiver oportunidade.

10) Mantenha-se perto de outras mulheres

Esteja aberta para aprender com outras mulheres e aproveitar sua companhia. Mulheres são e fazem coisas incríveis, e muitas vezes são pouco valorizadas e reconhecidas por isso.

 

Ter mulheres por perto, quando a relação é saudável e livre de rivalidades, é algo que nos fortalece. É a famosa rede de apoio – e que é viver a irmandade feminina de fato!

Além disso, nos mantermos juntas e próximas é uma forma de proteção em relação a relacionamentos abusivos, por exemplo, que muitas vezes desencadeiam em um intenso isolamento.

 

Valorize a companhia das minas!

 

“Mulheres são como as águas, crescem quando se juntam”.

E você tem feito o que para apoiar a sororidade em seu meio atualmente? Compartilhe conosco no box de comentários abaixo que teremos o maior prazer em interagir com você!

 

Categorias: Saúde da Mulher
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